Com novos modelos de negócio focados no digital e crescimento na interconectividade, as portas de entrada para criminosos cibernéticos também aumentaram consideravelmente; ter visibilidade sobre seus ativos é fundamental para evitar incidentes.
Após o rápido período de transformação digital vivenciado nos últimos anos, passamos a viver em uma era de alta conectividade, na qual a tecnologia permeia todos os aspectos da nossa vida pessoal e profissional. A transformação digital trouxe inúmeros benefícios, tornando as operações mais eficientes, melhorando a experiência do cliente e impulsionando a inovação com modelos de negócio disruptivos.
No entanto, a transição acelerada também trouxe uma série de desafios, principalmente no que diz respeito à segurança da informação. Um dos aspectos cruciais para a proteção dos dados e ativos de uma organização é o mapeamento da sua superfície de ataques, tanto nos ambientes locais quanto remotos. A falta de visibilidade nessa área pode acarretar em riscos significativos à segurança da informação e causar sérios incidentes.
O que é a superfície de ataques?
No setor, chamamos genericamente de “superfície de ataques” todo o conjunto de pontos de entrada e vulnerabilidades que podem ser explorados por criminosos cibernéticos para acessar informações sensíveis ou prejudicar as operações da empresa, seja invadindo ambientes restritos, disseminando códigos maliciosos e até mesmo utilizando engenharia social para realizar fraudes.
Isso inclui não apenas os dispositivos e sistemas internos, mas também os externos, como sites, aplicativos, redes sociais e os servidores em cloud — cada vez mais comuns em infraestruturas modernas. Mapear essa superfície é essencial pois, sem uma compreensão eficaz de todos esses pontos de exposição, é impossível implementar medidas de segurança que realmente serão capazes de frear as ações maliciosas.
Infelizmente, a transformação digital ampliou bastante a superfície de ataques das organizações. Antes, as empresas tinham um ambiente de TI mais controlado e limitado, com servidores físicos e redes internas. Hoje, com a migração para a nuvem, a proliferação de dispositivos móveis e a crescente interconectividade, essa superfície se tornou vasta e complexa.
Se uma empresa não sabe onde estão todos os seus ativos e como eles estão configurados em termos de segurança, ela está vulnerável a uma série de ameaças.
Os riscos de “trabalhar no escuro”
Um dos principais riscos da falta de visibilidade é a exposição a vulnerabilidades não corrigidas. A cada dia, novas brechas de software são descobertas e os fornecedores disponibilizam patches de segurança para corrigi-las. Se uma empresa não sabe quais sistemas e aplicativos estão em uso e não acompanha as atualizações disponibilizadas, está deixando “buracos” que serão usados em ataques.
Indo além, trabalhar no escuro dificulta a detecção de atividades suspeitas. Os invasores muitas vezes se movem silenciosamente dentro da infraestrutura de uma organização, e, se a empresa não monitora todos os seus ativos de forma eficaz, é mais provável que essas atividades passem despercebidas. Isso pode resultar em violações de dados que só serão detectadas quando já é tarde demais.
Isso dialoga com as preocupações com a conformidade regulatória. Além da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), muitos setores têm normas específicas rígidas que exigem a proteção de informações sensíveis, como informações financeiras e clínicas. Sem um mapeamento adequado da superfície de ataques, as empresas podem estar em desacordo com essas regulamentações, sujeitas a multas, sanções e danos à sua reputação.
Primeiros passos
Tantos riscos nos levam à pergunta: como uma organização pode começar a mapear sua superfície de ataques de maneira eficaz? Primeiramente, é essencial realizar uma avaliação abrangente de todos os ativos e sistemas em uso. Isso inclui servidores, dispositivos de rede, aplicativos, bancos de dados e qualquer outro elemento que possa ser uma porta de entrada para invasores.
Em seguida, é importante classificar esses ativos de acordo com sua importância e o nível de sensibilidade das informações que eles contêm ou processam. Isso permite que a organização priorize suas ações de segurança, concentrando-se nos ativos mais críticos. Neste ponto, as evoluções em automação desempenham um papel fundamental no mapeamento e na gestão da superfície de ataques, mantendo um inventário preciso.
Além disso, é fundamental implementar um monitoramento contínuo e análises frequentes de segurança, permitindo a rápida detecção de atividades suspeitas e respostas imediatas a incidentes.
Em suma, mapear a superfície de ataques é uma parte essencial da estratégia de segurança de qualquer organização no pós-transformação digital. A falta de visibilidade nessa área pode levar a vulnerabilidades não-corrigidas, detecção tardia de ameaças e não conformidade regulatória.
Portanto, é fundamental que as empresas dediquem tempo e recursos para entender e proteger completamente seu ambiente digital. Somente assim poderão aproveitar ao máximo os benefícios da transformação digital sem comprometer a segurança de seus dados e ativos.